Quiosque indígena no Aeroporto de Brasília revela laços com fraudes no INSS e condenação por homicídio

Uma loja no Aeroporto de Brasília, com estrutura semelhante a uma oca e dedicada à venda de artigos indígenas, tem chamado a atenção dos passageiros. No entanto, seus sócios estão envolvidos em controvérsias graves. Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), é um dos proprietários e foi preso durante investigações da CPMI do INSS, que apura desvios de recursos de aposentados. A entidade é acusada de arrecadar cerca de R$ 688 milhões desde 2019 por meio de descontos indevidos nas remunerações de camponeses e indígenas, sem autorização das vítimas. A Controladoria-Geral da União (CGU) ouviu 56 pessoas em 16 estados, confirmando que nenhuma delas havia aprovado os repasses, e identificou 621.094 aposentados afetados apenas no primeiro trimestre de 2024.

A outra sócia é Tehiana Gomes de Freitas Pataxo, que assumiu a chefia da Secretaria Nacional de Povos, Comunidades Tradicionais e Política Social (Sepocs) da Conafer no início deste ano. Ela foi condenada a 13 anos de prisão pelo Tribunal do Júri de Camacã, na Bahia, em julho de 2024, por atropelar e matar uma criança de quatro anos em 2021, no município de Pau Brasil. Segundo o Ministério Público da Bahia, Tehiana dirigia uma caminhonete Hilux sem habilitação e experiência com veículos automáticos, perdeu o controle ao tentar desviar de uma motocicleta e atingiu o menino, que morreu no local devido a traumatismo cranioencefálico. Após o acidente, ela e o namorado, Renato dos Santos Rocha – condenado a dois anos e oito meses por homicídio culposo –, fugiram sem prestar socorro. Tehiana recorreu e responde em liberdade.

Durante a CPMI do INSS, em setembro, Carlos Roberto confirmou ter transferido R$ 214 mil a Tehiana, identificada como secretária de Ação Social da Conafer, sem explicar o motivo. A entidade promove o Programa +Previdência Brasil, que supostamente oferece educação previdenciária gratuita, mas as investigações revelam práticas irregulares. Tentativas de contato com os envolvidos, via advogados e a própria Conafer, não obtiveram resposta.

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